História
O Irão (Pérsia) acolhe uma das mais antigas civilizações do mundo, remontando à formação dos reinos elamitas no quarto milênio aC. Unificado pela primeira vez pelos Medos iranianos no século VII a.C, e atingiu sua maior extensão durante o Império Aqueménida, fundado no século
VI a.C por Ciro, o Grande. Então, o imenso império estendia-se da Europa Oriental ao Vale do Indo, tornando-se o maior império que até então existira.
No século IV a.C, o império caiu sob a espada de Alexandre, o Grande da Macedónia, mas volvidos cem anos ressurgiria como Império Parta (247 a.C – 224 d.C.), seguido pelo Império Sassânida (224 – 651),sendo que este último se converteria nos quatro séculos seguintes em potência mundial que se bateu contra Roma, e depois contra Bizâncio pelo domínio do Médio Oriente. Os árabes conquistaram o império no século VII d.C, provocando o colapso do zoroastrismo e do maniqueísmo e consequente conversão ao Islão.
Durante a chamada era de ouro Islâmica que se seguiu, o Irão aportou grandes contribuições, produzindo relevantes figuras influentes nas arte e nas ciências. Depois, conheceu um período marcado pelo domínio de dinastias muçulmanas persas nativas, que mais tarde seriam conquistadas pelos turcos e mongóis.
No início do século XVI, a ascensão dos Safávidas (1501 – 1736) levou ao restabelecimento de um Estado de identidade nacional iraniana unificada, que se seguiu à conversão do país ao islamismo xiita, marcando um ponto de viragem na história iraniana e muçulmana.
No século XVIII, sob Nader Xá, o Irão era sem dúvida um dos estados mais poderosos da época.
Os conflitos de meados do século XIX com o Império Russo levaram a perdas territoriais significativas, enquanto outro império colonial vizinho ao Irão, o Reino Unido, também causou a separação partes do país no leste e sudeste. A agitação popular culminou na Revolução Constitucional de 1906, que estabeleceu uma monarquia constitucional e a primeira legislatura. Em Fevereiro de 1921, um golpe apoiado pelo Reino Unido levou ao colapso da dinastia Qajar e à formação da dinastia Pahlavi, em 1925. Após um golpe instigado pelos Estados Unidos em 1953, o Irão gradualmente alinhou-se estreitamente com o Ocidente, ao mesmo tempo que consolidava um regime cada vez mais autocrático. A crescente dissidência contra a influência estrangeira e a repressão política, levou à Revolução Islâmica de 1979, sob a liderança do Aiatolá Rohollah Khomeini (1902-1989), a que se seguiu o estabelecimento de uma República Islâmica. Durante a década de 1980, o país foi envolvido numa longa guerra de nove anos imposta pelo Iraque, dela resultando em um impressionante número de baixas e perdas financeiras para ambos os lados. Após o falecimento do Aiatolá Khomeini, sucedeu-lhe o Aiatolá Seyyed Ali Khamenei, hoje líder supremo do Irão.
Em 1988, com base na Resolução 508 do Conselho de Segurança da ONU, dava-se por terminado o fim da guerra com o Iraque. Nos dez anos seguintes, o país envolveu-se num grande plano nacional de reconstrução e desenvolvimento, de que resultou a reconstrução de todas as áreas devastadas pela guerra e o retorno a uma situação económica florescente, permitindo o desenvolvimento de muitos setores da economia e aumento do investimento estrangeiro. No entanto, uma nova era de pressões sob a forma de sanções começou contra o Irão em 2003, após alegações ocidentais ao programa nuclear iraniano que levaram o caso ao Conselho de Segurança. Como resultado de mais de 12 anos de negociação multilateral entre o Irão e as potências mundiais, o Plano de Ação Conjunto Conjunto (JCPOA), um acordo alcançado entre o Irão e o P5 + 1, foi estabelecido em 14 de Julho de 2015, com o objetivo de afrouxar a sanções nucleares em troca da restrição do Irão na produção de urânio enriquecido. No entanto, a implementação deste acordo foi ofuscada pela retirada unilateral dos Estados Unidos do acordo e pelo retorno de todas as sanções contra o Irão.
6.1. Sinopse histórica do Irão
Era pré-dinástica
8000 a.C. – A Revolução Agrícola possibilitou assentamentos permanentes e a criação de civilizações complexas. O planalto iraniano tornou-se o berço de uma das civilizações mais antigas da história.
5000 a.C. – O Jarro de Vinho Haji Firouz Tappeh, descoberto no Irão, é o mais antigo achado arqueológico do mundo relativo à produção de vinho.
3900 a.C. – Sialk (perto de Kashan), a primeira cidade no planalto iraniano.
1500-800 a.C. – Os Persas e Medos, dois grupos de nómadas arianos, migraram para o planalto iraniano da Ásia central.
1000 a.C. – Zoroastro, um dos primeiros profetas a introduzir os conceitos de monoteísmo e dualidade do bem e do mal.
Surgimento da dinastia Aqueménida
559-530 a.C. – Ciro, o Grande, estabeleceu o Império Persa em 550 a.C., o primeiro império mundial.
539 a.C. – Babilónia rendeu-se pacificamente a Ciro, o Grande, acolhido como libertador.
522-486 a.C. – O reinado de Dario I, o Grande, marcou o auge do Império Persa. Mantendo a tradição estabelecida por Ciro, Dario valorizou os direitos de todas as pessoas sob seu domínio e produziu uma ordem imperial codificada, tolerante e respeitadora de todas as religiões.
490-479 a.C. – As chamadas Guerras Médicas, opondo as cidades-Estado gregas ao Império Aqueménida, nunca foram uma ameaça para o coração da Pérsia, nem marcaram uma ruptura entre os mundos persa e grego. Lembrar que a conhecida arte persa para a cultura diplomática era por todos reconhecida, ao ponto de o rei Artaxerxes II ter sido convidado para mediar a paz celebrada em 387 a.C entre Esparta e a coligação que reunia Tebas, Atenas, Corinto e Argos.
550-334 a.C. – Durante dois séculos, o Império Persa tornou-se a potência mundial dominante, garantindo condições para os primeiros contactos significativos e contínuos entre o Oriente e o Ocidente.
De Alexandre à dinastia Parta
334 a.C. – Alexandre da Macedónia invadiu a Pérsia. Após sua vitória sobre o exército persa, ordenou a execução de muitos persas, permitiu que suas tropas se envolvessem em saques e violações, culminando com a destruição pelo fogo de Persépolis.
323 a.C. – Morte de Alexandre. Embora fosse um General magistral, ele não possuía génio administrativo, pelo que logo após sua morte, o efémero império foi dividido entre seus generais em disputa.
Dinastia Selêucida
323-141 a.C. – A dinastia Selêucida estabelecida por um dos generais de Alexandre, Seleuco I Nicátor.
Dinastia Parta ou Arsácida
247 a.C.-224 d.C. – Os Partos, entidade tribal do nordeste do Irão, derrotaram gradualmente os Selêucidas helenizados e consolidaram seu controle sobre a Pérsia. O nome do fundador da dinastia, Arsaces, o nome deste rei tornou-se titulo para todos os reis partos. Sua vitória sobre os romanos em 53 a.C. elevou os partos a superpotência da sua época.
Dinastia Sassânida
224 – Ardeshir I, fundador da nova dinastia. Os Sassânidas reviveram a cultura persa e o Zoroastrismo e fizeram um esforço consciente para retornar às normas Aqueménidas. Patrocinavam o comércio, tanto com seus arqui-inimigos romanos / bizantinos como os chineses.
260 – Shāopur I invadiu as províncias orientais do Império Romano e capturou o Imperador Valeriano (r.253-260). Também estabeleceu Jondi Shāopur, importante centro de ensino superior. Hoje situada no Khuzistão iraniano, floresceu uma das mais importantes academias da Antiguidade tardia, rivalizando com Alexandria e Constantinopla e atraindo sábios gregos, sobretudo nestorianos fugidos às perseguições religiosas. Veículo de transmissão da medicina galénica para o mundo persa e, depois, sob o Califado Abássida, para o mundo islâmico, a Casa do Conhecimento terá igualmente recebido indianos e chineses, e foi, juntamente com Nisibis (hoje na Turquia e território então governado pelos Sassânidas), a primeira universidade na aceção que o Ocidente produziria na Idade Média.
274 – Mani, fundador do maniqueísmo, tentou introduzir uma nova religião mundial universal, combinando elementos do Zoroastrismo, Cristianismo e Budismo.
528 – No início do século VI da nossa era, apareceu um profeta chamado Mazdak, talvez um maniqueísta (seguidor de Maniqueu) cuja doutrina proclamava o total despojamento e a criação de uma sociedade igualitária assente na propriedade colectiva dos bens de produção, bem como a não-violência e o vegetarianismo. O carácter revolucionário da sua pregação cedo provocou movimentos sociais e consequente grande luta entre os camponeses e a nobreza.
531-579 – O reinado de Khosrow I (Anoushiravan) marcou o auge da dinastia Sassânida. Promoveu a atribuição de bolsas de estudos e patrocinou a tradução de textos científicos e médicos indianos e gregos para o persa médio ou pahlavi, a língua nativa da Pérsia.
570 – Nascimento do Profeta Maomé.
608-622 – Uma longa guerra entre Sassânidas e bizantinos enfraqueceu significativamente os dois lados.
622 – Temendo perseguição, o Profeta Maomé transferiu-se de Meca para Medina. A Hégira marcou o nascimento da civilização islâmica e o início do calendário islâmico.
629-632 – Duas monarcas governaram consecutivamente o Império Sasaniano, Pouran-dokht e sua irmã Azarmi-dokht. Pouran-dokht assinou um tratado de paz com os bizantinos.
632 – Morte do Profeta Maomé. Posteriormente, suas revelações foram reunidas e compiladas no livro sagrado do Islão – O Alcorão
Califado árabe
642 – Depois de se defender com sucesso contra os impérios romano / bizantino por séculos, o Império Persa foi rapidamente vencido por membros de tribos nómadas armados com uma fé islâmica recém-adquirida. Os ideais de igualdade e unidade do Islão atraíram muitos persas, pois contrastavam fortemente com a estrutura social rígida e hierárquica do anterior período Sassânida.
661 – O imã Ali, genro do profeta Maomé e o quarto e último dos “califas corretamente guiados”, foi assassinado, levando assim ao grande cisma no Islão entre sunitas e xiitas. Embora a Pérsia não se torne um estado xiita ao longo dos séculos seguintes, esse conflito foi crucial para a sua história.
Dinastia Omíada
661-750 – A partir de Damasco, o califado Omíada emergiu como governo do mundo islâmico. Embora mantivessem as práticas administrativas dos Sassânidas, os Omíadas consideravam o Islão principalmente uma religião árabe e mostravam-se cautelosos com a cultura persa, tentando forçar a substituição da língua persa pela língua árabe, levando ao desaparecimento do alfabeto persa médio ou pahlavi em favor do novo alfabeto árabe / persa em uso até hoje.
680 – O imã Hussein, filho do imã Ali, foi morto pelos Omíadas em Karbala – um dos locais mais sagrados do xiismo – por se recusar a reconhecer a legitimidade da governação Omíada.
696 – O árabe converte-se em língua oficial do mundo islâmico.
Dinastia Abássida
750 – Com financiamento e apoio persas, os Abássidas derrubam o domínio Omíada, cabendo a um general persa chamado Abu Muslim Khorasani o comando dos exército que levou à vitória sobre a dinastia de Damasco. A capital islâmica foi transferida para Bagdad, cidade recém-construída adjacente à antiga capital Sassânida, Ctesifonte.
750-1258 – O califado Abássida contava com ministros e burocracia persas para muitas funções estatais. Os costumes persas começaram a enraizar-se profundamente entre os Abássidas; os escritórios do vizir (ministro) e do tribunal (ou departamento de receita do Estado) foram copiados do modelo Sassânida e os califas posteriores adotaram os procedimentos cerimoniais dos tribunais persas.
Era de ouro da cultura persa
820-1220 – O domínio árabe sobre a Pérsia começou a diminuir à medida que vários monarcas persas locais subiram ao poder: Os Taíridas (821-873), Safáridas (867-903), Samânidas (873-999), Ziyaridas (928-1077) e Buídas (945-1055). Estas foram seguidas por dinastias turcas de cultura persa: os Ghaznévidas (962-1186), Seljúcidas (1038-1153) e Corásmios (1153-1220). Mais uma vez, a Pérsia retomava o seu lugar de centro mundial de arte, literatura e ciência, revelando vultos em quase todos os campos da criatividade no mundo islâmico.
840 – Sibovayh, estudioso que lançou as bases para a codificação da gramática árabe e escreveu o primeiro dicionário árabe.
850 – Kharazmi, notável matemático e astrónomo, autor de tabelas astronómicas precisas e o primeiro trabalho de álgebra – O Livro da Integração e Equação. A palavra “álgebra” tem por origem o título desse livro, assim como a palavra “algoritmo” de seu próprio nome. Coube-lhe estabelecer o conceito de zero e aperfeiçoar o sistema decimal. O ponto culminante do seu trabalho, juntamente com o de outros estudiosos islâmicos, foi o do estabelecimento dos algarismos arábes – que substituiriam os algarismos romanos no Ocidente e ainda é usada até hoje.
879 – Ya’qoub Leyth, o primeiro governante persa a revoltar-se abertamente contra os árabes, colocando grande parte da Pérsia sob seu controle e restaurando a língua persa.
865-925 – Raazi, um dos mais talentosos médicos, químicos e filósofos de sua época, inventou o uso médico do álcool e escreveu vários livros sobre diversos tópicos, especialmente Medicina. Um de seus tratados mais famosos, sobre a varíola e o sarampo, foi traduzido para várias línguas europeias.
940 – Rudaki primeiro grande poeta da língua persa, fixou a nova língua persa e sua poesia lírica, pelo que va sua contribuição foi especialmente importante, dado que a poesia se tornaria um dos principais pilares da cultura e identidade persas.
940-1020 – Ferdusi, poeta nacional do Irão e possivelmente seu maior herói, completou o épico nacional iraniano Shahnameh – O Livro dos Reis – em 1010, trabalho que lhe exigiu 30 anos e integra 57.000 estrofes. Genuíno defensor da identidade nacional persa e muçulmano devoto, ressentia-se profundamente da influência árabe, procurando fixar um vasto repositório de histórias míticas da Pérsia pré-islâmica. O principal herói épico do livro é um cavaleiro nobre chamado Rostam que encarna valores da integridade, da força e do cavalheirismo.
980-1037 – Ibn Sina (Avicena), um dos cientistas e filósofos mais importantes da civilização islâmica, escreveu mais de 200 livros, incluindo O Cânone da Medicina, enciclopédia que resume todo o conhecimento médico então conhecido.
945-1055 – Os Buídas do norte-centro do Irã, derrotaram os exércitos árabes e capturam Bagdade. Embora permitissem que o califa retivesse seu título, reduziram-no ao papel de uma figura religiosa.
1092 – Nezam al-Molk foi o renomado primeiro ministro de Malek Shah da dinastia Seljúcida. Sob sua direção, Malek Shah controlava praticamente toda parte oriental do mundo islâmico, da Síria ao Afeganistão. Nezam al-Molk escreveu o Siyasatnameh, O Livro do Governo e da Política.
1058-1111 – Ghazali foi reconhecido como o jurista e teólogo muçulmano mais proeminente de seu tempo, argumentando contra uma interpretação meramente racional e lógica da existência, em favor de uma compreensão mais mística e espiritual.
1048-1122 – Omar Khayyam, grande matemático, poeta e astrónomo, realizou cálculos matemáticos para reformar o calendário persa, um dos calendários mais precisos do mundo e ainda em uso até hoje. Escreveu o Rubaiyat e coube-lhe dirigir a construção de um importante observatório em Isfahan.
1206 – Gengis Khan uniu os clãs mongóis e iniciou a conquista do mundo.
Era Mongol
1220 – Gengis Khan e suas hordas caíram sobre a Pérsia com brutalidade sem paralelo, provocando uma das piores catástrofes da história da humanidade. Nas províncias do nordeste da Pérsia, os seus descendentes, especialmente Hulagu Khan, arrasaram quase todas as grandes cidades, destruíram bibliotecas e hospitais e massacraram populações inteiras. Chegam a milhões as estimativas do número de vítimas então causado por tamanho flagelo.
1227 – Morte de Gengis Khan. O seu império foi dividido entre os seus filhos.
1258-1353 – Os mongóis saquearam Bagdade em 1258, terminando assim o califado Abássida. O Ilcanato, estado sucessor do império mongol, ganhou controle sobre um vasto território que incluía a Pérsia.
1271 – A caminho da China, Marco Polo atravessou a Pérsia. No seu livro de viagens, escreveu sobre a selvageria e devastações causadas pelas hordas mongóis: “Como é triste a destruição, o desperdício e a morte infligidos a essa Pérsia outrora poderosa, próspera e bela”
1207-1273 – Rumi, o maior poeta místico da língua persa e autor de Mathnawi, elevou o sufismo a alturas sem precedentes. Embora persa, vivia na Anatólia, pois os seus pais haviam migrado com medo da brutalidade dos mongóis. A sua poesia e filosofia tiveram uma influência significativa em todo o mundo islâmico.
1274 – Nasir Al-Din Tousi, astrónomo e filósofo, construiu o observatório Maraqeh, o primeiro observatório no sentido moderno da história da ciência. Também desenvolveu cálculos matemáticos mostrando a revolução da Terra em torno do sol, assim como a sua dimensão e forma esférica.
1213-1292 – Sa’di escreveu duas das mais importantes obras persas, O Bostan e O Gulistan que exerceram ampla influência na Índia, Ásia Central e até entre os muçulmanos na China. A sua obra poética que enfatiza a interdependência de toda a humanidade, independentemente da nacionalidade, raça ou religião, o poeta pediu o seguinte epitáfio na sua tumba: Da tumba de Sa’di, filho de Shiraz – o perfume do amor evade-se – e você ainda o sentirá mil anos após a sua morte.
1295 – Qazan Khan, primeiro líder mongol do Ilcanato a converter-se ao Islão. Após sua conversão, os mongóis, como os invasores gregos, árabes e turcos antes deles, tornaram-se “persianizados”. A Rashid ad-Din, estudioso persa e primeiro-ministro de Qazan Khan, escreveu então Jame ‘Al-Tawarikh, uma das primeiras obras sobre a história universal.
1320 – Kamal Al-Din Farsi, pioneiro nos principais avanços no campo da óptica com suas teorias sobre refração e reflexão.
1320-1390 – Hafez, poeta lírico maior da língua persa, autor do famoso O Divã. Sendo um sufi, a sua poesia é caracterizada pelo senso de beleza, amor à humanidade e devoção a Deus.
Dinastia Seljúcida
1405 – Timur (Tamerlão), líder turco-mongol, conquistou grande parte da Pérsia e regiões confinantes. As suas conquistas foram marcadas por grande crueldade e devastações inimagináveis. Malgrado a brutalidade, o Khan foi um patrono das artes, fazendo de Samarcanda a sua capital e ali promovendo grandes obras, graças aos artistas que mandou vir de toda a Pérsia.
1429 – Jamshid Kashani, importante matemático e geómetra, formulou a teoria dos números avançada, concebeu a primeira máquina de calcular e participou das atividades astronómicas de Samarcanda.
Dinastia Safávida
1501-1524 – Xá Ismail une toda a Pérsia sob liderança iraniana, após nove séculos de fragmentação territorial ou de domínio estrangeiro. Sendo xiita, declarou o xiismo como religião do estado, converteu toda a Pérsia e algumas regiões adjacentes sob seu controle.
1587-1629 – O reinado de Xá Abbas, o Grande, marcou o auge da dinastia Safávida. Desenvolveu um exército disciplinado e derrotou os otomanos. Em 1598, escolheu Isfahan como sua capital.
1501-1722 – Os dois rivais islâmicos contemporâneos dos safávidas – os otomanos na Anatólia e os mogóis na Índia – confiavam a artesãos e poetas persas a realização de obras de artes e literatura. Na Índia como na Turquia, o persa era idioma para a governação e a justiça.
1722 – Mahmoud Khan, um chefe afegão e vassalo dos safávidas, atacou a Pérsia e capturou Isfahan praticamente sem resistência, terminando assim a dinastia safávida.
Dinastia Asfárida
1729-1747 – Nader Xá, um oficial que servira os Safávidas, conseguiu expulsar os afegãos e reunificar o país. Brilhante estratega militar, derrotou otomanos, russos, indianos e subjugou várias tribos locais.
Dinastia Zand
1747-1779 – Karim Khan Zand ganhou o controle sobre as partes central e sul do Irão. Governante compassivo, recusou cingir o título de Xá referindo-se a si mesmo como o representante do povo.
Dinastia Qajar
1795 – Embora os Qajars tenham conseguido reunificar o país, foram geralmente considerados governantes fracos e corruptos. Sob a sua governação, o desequilíbrio económico e militar entre o Irão e o Ocidente aumentou consideravelmente – especialmente após a eclosão da Revolução Industrial então em curso no Ocidente. Não obstante, o período Qajar também desfrutou de um alto grau de excelência artística, produzindo algumas das melhores pinturas, azulejos e monumentos arquitetónicos do Irão.
1813/1828 – O imperialismo europeu resultou na penetração inglesa e russa nos assuntos iranianos. Os Qajars perderam o Cáucaso (atualmente Geórgia, Arménia e Azerbaijão) para os russos em dois tratados separados: o de Golestan, em 1813 e o de Torkmanchay, em 1828. Como resultado do tratado de 1828, os Qajars foram forçados a aprovar as chamadas “Capitulações” pelas quais se subtraíam da jurisdição iraniana todos os cidadãos estrangeiros residentes no país. Essa disposição foi acolhida como uma grande humilhação pelo povo iraniano.
1851-1906 – Os Qajars perderam as províncias da Ásia Central para os russos e foram forçados a desistir de todas as reivindicações sobre o Afeganistão aos britânicos.
1906 – O descontentamento com a corrupção e a má administração da dinastia Qajar levou à Revolução Constitucional e ao estabelecimento do primeiro parlamento do Irão, conhecido por Majlis. As aspirações constitucionais por uma monarquia limitada nunca seriam plenamente realizadas. Exposto à pressão imperialista, o Irão furtou-se ao jugo colonial.
1907 – O Irão foi dividido em duas esferas de influência. O norte passou a ser controlado pela Rússia, enquanto o sul e leste pela Grã-Bretanha. No final da Primeira Guerra Mundial, o país mergulhou num estado de caos político, social e económico.
1921 – Reza Khan, um oficial do exército, levou a cabo um golpe de estado. Foi nomeado Ministro de Guerra, e depois Primeiro-Ministro, e, finalmente em 1925, Reza Khan auto-proclamou-se Xá.
Dinastia Pahlavi
1925-1941 — A primeira prioridade de Reza Xá Pahlavi foi fortalecer a autoridade do governo central e estabelecer um exército permanente disciplinado e restringindo a autonomia dos chefes tribais. Politicamente, no entanto, Reza Xá proibiu à força o uso do véu, retirou o poder efetivo ao Majlis e baniu a liberdade de expressão em todas as suas formas. Com o início da Segunda Guerra Mundial e querendo permanecer neutro, Reza Xá recusou apoiar os Aliados.
1941-1944 – Invocando a necessidade do transporte ferroviário trans-iraniano para abastecer os soviéticos com materiais de guerra, os Aliados invadiram e ocuparam o Irão durante a guerra. Reza Xá foi forçado a abdicar a favor do filho Mohammad Reza Pahlavi e morreu no exílio, na África do Sul, em 1944.
1946 – Sob pressão americana, a União Soviética foi forçada a retirar-se da província noroeste do Irão. Foi a primeira e única vez que Estaline devolveu um território ocupado durante a Segunda Guerra Mundial.
1951-1952 – O Majlis aprovou uma lei patrocinada pelo nacionalista Dr. Mohammad Mosaddeq – que em breve viria a tornar-se Primeiro-Ministro – para nacionalizar o petróleo iraniano, até então, sob controlo britânico.
1953 – Alegando a ameaça de uma tomada comunista, os serviços de informação britânicos e a CIA patrocinaram um golpe para derrubar o governo do Dr. Mosaddeq. Durante o golpe, convicto de que o plano iria fracassar, o jovem Xá abandonou o país. Pouco tempo depois, o governo do Dr. Mosaddeq foi derrubado e o Xá foi restaurado no poder.
1962-1963 – O Xá deu início à sua Revolução Branca. Consistia numa série de grandes reformas agrárias, direitos dos trabalhadores e sufrágio das mulheres, entre outras iniciativas. Suas reformas não se desenvolveram conforme planeado devido à falha na execução.
1963-1973 – O Irão conheceu um rápido crescimento económico e prosperidade, juntamente com um clima político relativamente estável.
1973 – A crise do petróleo quadruplicou a receita de petróleo do Irão para 20 mil milhões de dólares por ano. Este aumento de riqueza acelerou o programa do Xá para fazer o Irão alcançar o Ocidente. A determinação do Xá em modernizar o Irão praticamente da noite para o dia e a qualquer custo, deu lugar a um choque cultural, alienação das massas, inflação, corrupção, desigualdades económicas, urbanização maciça e aumento do autoritarismo na forma de lidar com os problemas sociais, económicos e políticos.
República Islâmica do Irão
1979 – No final da década de 1970, os oponentes do Xá, de todas as afiliações políticas, uniram-se sob a liderança do Ayatollah Khomeini. O Xá foi derrubado em 1979 pela Revolução Islâmica e, um ano depois, viria a falecer no Egito. Após 2.500 anos de monarquia, o sistema governamental do Irão passou a ser desde então o de uma república vazada nos valores do Islão, a República Islâmica do Irão.
1980 – Em Setembro, o Iraque de Saddam Hussein invadiu o Irão após anos de disputas sobre alguns territórios, principalmente sobre o Shatt al-Arab, na confluência dos rios Tigre e Eufrates. A guerra prolongar-se-ia por oito anos.
1988 – Em Julho, o USS Vincennes, navio da Marinha norte-americana, abateu um avião civil iraniano, matando todos os 290 passageiros e tripulação. Os Estados Unidos viriam a pedir desculpa pelo incidente e concordaram pagar uma compensação financeira às famílias das vítimas, alegando que o avião civil teria sido confundido com um aparelho militar.
1988 – Em Agosto, o Irão aceitou a Resolução 598 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que impunha um cessar-fogo na Guerra Irão-Iraque.
1989 – Em Junho, faleceu o Ayatollah Khomeini. Um corpo eleito de clérigos seniores – a Assembleia de Peritos – nomeou o presidente cessante da República Islâmica, Ayatollah Ali Khamenei, para suceder o Imam Khomeini como líder religioso nacional.
1989 – Em Agosto, Ali Akbar Hashemi-Rafsanjani, presidente da Assembleia Nacional, tornou-se Presidente. Rafsanjani tinha sido um membro influente do Conselho de Revolução do Irão nos primeiros dias da República Islâmica.
1995 – Os Estados Unidos impõem sanções comerciais e às exportações de petróleo ao Irão, acusando o país de patrocinar o terrorismo, de violar os direitos humanos e de tentar sabotar o processo de paz árabe-israelita.
1997 – Com um ambicioso programa de reformas políticas e sociais, bem como de revitalização económica, (Ali) Mohammad Khatami-Ardakani é eleito Presidente, obtendo vitória esmagadora no sufrágio.
2003 – Em Dezembro, 40.000 pessoas morrem vítimas de um terremoto no sudeste do Irão; a cidade de Bam é devastada.
2003 — A Agência Internacional de Energia Atómica anuncia que o Irão admite a produção de plutónio, embora a agência afirme não haver provas de que o Irão esteja a desenvolver armas nucleares. O Irão aceita a realização de inspeções mais rigorosas às instalações nucleares pela ONU.
2005 – Mahmoud Ahmadinejad, Presidente da Câmara de Teerão, que fez campanha como defensor dos pobres e com a promessa de recuperar os valores da revolução de 1979, derrota um dos estadistas mais velhos do Irão nas eleições presidenciais.
2013 – Em Junho, o clérigo apoiado por reformistas, Hassan Rouhani, vence as eleições presidenciais ao conseguir pouco mais de 50% dos votos.
2013 – Em Setembro, em entrevista à cadeia de televisão norte-americana NBC, o Presidente Rouhani afirma que o Irão renuncia dotar-se de armas nucleares e repete a oferta de negociação “com prazo e resultados” sobre a questão nuclear no discurso à Assembleia Geral da ONU.
2014 – Em Janeiro, após intensas negociações em Genebra, as potências mundiais e o Irão começaram a implementar um acordo sobre o programa nuclear iraniano.
2015 – Em Julho, após anos de negociações, as potências mundiais chegam a acordo com o Irão para limitar a atividade nuclear iraniana em troca do levantamento das sanções económicas internacionais. O acordo concede aos inspetores nucleares da ONU acesso amplo, mas não automático, aos sítios iranianos.
2016 – A indústria turística no Irão floresce e conhece uma nova era de prosperidade, atraindo cerca de mais de 5 milhões de turistas num ano que promete um futuro risonho para o país.
2017 – Em Maio, Hassan Rouhani é reeleito presidente.
2018 – Os Estados Unidos retiraram-se unilateralmente do acordo nuclear e reintroduzem todas as sanções contra o Irão.