Arte e património
A arte iraniana recobre muitas áreas disciplinares que incluem, entre outras, a arquitetura, o trabalho de pedra, a metalurgia, a tecelagem, a olaria, a pintura e a caligrafia. Existe uma grande variedade de estilos consoante as regiões e períodos históricos. A arte dos Medos permanece pouco conhecida, embora tenha vindo a ser teoricamente atribuída ao influxo do estilo Cita. Os Aqueménidas adotaram em grande parte a arte das civilizações vizinhas, mas produziram uma síntese de estilo único, com uma arquitetura eclética, bem presente em locais como Persépolis e Pasárgada. A iconografia Grega foi importada pelos Selêucidas, seguida pela combinação de elementos helenísticos, assim como de elementos anteriores de arte Parta e cujos vestígios são o Templo de Anahita e a Estátua do Nobre Parta. No período Sassânida, a arte iraniana conheceu um renascimento geral. Embora de desenvolvimento pouco claro, espalhou-se por regiões longínquas. Taq-e Bostan, Taq-e-Kasra, Naqsh-e Rostam, e o Castelo Shapur-Khwast estão entre os monumentos existentes do período. Durante a Alta Idade Média, a arte Sassânida desempenhou um papel proeminente na inspiração da arte medieval europeia e asiática, expandindo-se pelo mundo Islâmico.
A era Safávida é conhecida como a Era de Ouro da arte Iraniana, e as obras de arte Safávida mostram um desenvolvimento muito mais unitário do que em qualquer outro período, como parte da evolução apolítica que reunificou o Irão como uma entidade cultural. A arte Safávida exerceu influência notável sobre os espaços geográficos vizinhos – Otomanos, Mongóis – e chegando ao Decão na Índia, e mas também se insinuou através da arquitectura paisagística na Europa dos séculos XVI a XVII. Destaque ainda para a excelência dos tapetes persas em lã, seda e fio metálico que a partir do período Safávida conheceram merecida fama mundial e são hoje referência obrigatória de refinamento e qualidade.
A arte contemporânea do Irão remonta à época de Kamal-ol Molk, destacado pintor realista na corte da dinastia Qajar que teve grande influência nas normas da pintura e adotou um estilo naturalista que competiria com as obras fotográficas. Uma nova escola Iraniana de belas artes foi criada por Kamal-ol Molk em 1928, e foi seguida pelo estilo de pintura chamado “coffeehouse”. Da dinastia Qajar, destaque ainda o parietal em relevo sobre rocha em Tangeh Savashi, da era Fath Ali Shah (c. 1800). Em diferentes contextos históricos, as trocas e influências artísticas entre o Irão e as civilizações vizinhas têm sido importantes, sendo que ultimamente a arte persa deu e recebeu grandes influências como parte dos estilos mais abrangentes da arte Islâmica.
Música iraniana
Durante o Império Aqueménida (550 a.C.-330 a.C.), um grande Estado de língua iraniana não só governou o território correspondente ao Irão contemporâneo, mas também largas regiões circundantes, naquilo a que por por vezes se chama Grande Irão, pelo que um processo de persianização cultural deixou marcas duradouras. As cortes das sucessivas dinastias geralmente cultivaram o estilo da arte Persa, pelo que tal arte de aparato foi deixando uma miríada de objectos impressionantes que sobreviveram até aos dias de hoje. A música iraniana ou persa, tal como como a evidenciada por registos arqueológicos da civilização elamita do Crescente Fértil – a cultura mais antiga do sudoeste do Irão – data de há milhares de anos. Há uma distinção conceptual entre a ciência da Música, ou Musicologia, que tem sido sempre considerada como um ramo da Matemática em grande consideração na Pérsia/Irão; e por performance musical (Tarab, Navakhteh, Tasneef, Taraneh ou mais recentemente Música), relação que tem tido uma relação desconfortável e frequentemente tensa com as autoridades religiosas e, em tempos de ressurgimento religioso, com a sociedade no seu todo.
- Instrumentos musicais tradicionais iranianos
O Irão é o local de nascimento aparente dos mais antigos instrumentos complexos, sendo que alguns remontam ao terceiro milénio a.C. A utilização de harpas angulares verticais e horizontais foi documentada nos locais de Madaktu e Kul-e Farah, com a maior coleção de instrumentos Elamitas documentados em Kul-e Farah. Várias representações de harpas horizontais foram esculpidas em palácios Assírios, datando entre 865 e 650 a.C. A Ciropedia de Xénofron menciona um grande número de mulheres cantoras na corte Aqueménida. Ateneu de Náucratis, no seu Deipnosofistas, aponta para a captura pelo general Macedónio Parménion de meninas cantoras Aqueménidas na corte do último rei Aqueménida Dário III (336- 330 a.C.). Sob o Império Parta, o Gōsān (“trovador” em língua Parta) teve um papel proeminente na sociedade. De acordo com a Vida de Crassos, de Plutarco, estes trovadores elogiavam os seus heróis nacionais e ridicularizaram os seus rivais Romanos. Da mesma forma, na sua Geografia, Estrabão relata que aos jovens Partos eram ensinadas canções sobre “os feitos tanto dos deuses, como dos senhores da nobreza”. A história da música Sassânida é melhor documentada do que a dos períodos anteriores, e é especialmente mais evidente nos textos em língua avéstica. Na época de Cosroes II, na corte Sassânida vários músicos proeminentes, nomeadamente Azad, Bamshad, Barbad, Nagisa, Ramtin, e Sarkash notabilizaram-se, furtando-se ao esquecimento.
Os instrumentos musicais tradicionais Iranianos incluem instrumentos de cordas tais como chang (harpa), qanun, santur, rud (oud, barbatana), tar, dotar, setar, tanbur, e kamanche, instrumentos de sopro tais como sorna (zurna, karna) andney, e instrumentos de percussão tais como tompak, kus, daf (dayere), e naqare.
A primeira orquestra sinfónica do Irão – a Orquestra Sinfónica de Teerão – foi fundada em 1933 por Qolam-Hussein Minbashianin. Reformada por Parviz Mahmoud em 1946, é actualmente a mais antiga e maior orquestra sinfónica do país. Em finais dos anos 40, Rouhollah Khaleqi fundou a primeira sociedade musical nacional do país, e estabeleceu a Escola de Música Nacional em 1949.
A música pop Iraniana tem as suas origens na era Qajar, mas conheceu significativo desenvolvimento a partir os anos 50, utilizando instrumentos tradicionais acompanhados por guitarra elétrica e outros instrumentos importados. Da emergência de géneros como o rock nos anos 60 e do hip hop nos anos 2000, também resultou em grandes movimentos e influências na música Iraniana.
Dos instrumentos musicais mais marcantes, importa destacar:
O Daf, um dos tambores de armação mais antigos da Ásia e do Norte de África. Como instrumento persa é considerado como um instrumento Sufi a ser tocado em Khaneghah para música Zikr, mas hoje este instrumento de percussão tornou-se muito popular e tem sido integrado com sucesso na música de arte persa.
O Dotar – em persa significa literalmente “duas cordas” – provém de uma família de alaúdes de pescoço comprido e pode ser encontrado em toda a Ásia Central, no Médio Oriente e até no Nordeste da China, em Xinjiang. No Irão, o Dotar é tocado principalmente no norte e leste de Khorasan, bem como entre os Turcomenos de Gorgan e Gonbad. O instrumento mantêm-se o mesmo, mas as suas dimensões e o número das suas ligaduras variam ligeiramente de região para região. Dois tipos de madeira são utilizados na fabricação do Dotar. O corpo em forma de pêra é esculpido a partir de um único bloco de madeira de amora. O seu pescoço é feito da madeira do damasco ou da nogueira. Tem duas cordas de aço, que no passado eram feitas de seda ou de entranhas de animais. O Dotar é afinado em quarto ou quinto intervalos.
O Kamancheh , violino de espigão curvo. O instrumento possui quatro cordas metálicas, e o corpo é constituído por um hemisfério de madeira coberto por uma fina membrana de pele de carneiro. Estranhamente, a ponte do instrumento corre diagonalmente através desta membrana. O instrumento é altamente ornamentado e tem aproximadamente o tamanho de uma viola. A afinação varia, dependendo da região do país onde é tocado. Em Teerão, o Kamancheh é afinado da mesma forma que um violino: Sol, Re, La, Mi.
O Ney, flauta de palheta vertical com uma longa história na música clássica Persa. Apresenta seis orifícios de dedos na frente e um no verso e é tradicionalmente feito de cana, tal como o próprio nome indica.
A Santur, cítara ou saltério de batida, com a forma de uma caixa de ressonância plana de forma trapezoidal, rasa e regular. Há vários postes de som dentro da caixa, e duas pequenas rosetas no painel superior que ajudam a amplificar o som. O Santur tem 72 cordas percutidas, dispostas em grupos de quatro, ou seja, cada uma de quatro cordas bem espaçadas são afinadas com o mesmo tom. Cada grupo de quatro cordas é apoiado por uma pequena ponte de madeira, móvel; as pontes são posicionadas para dar ao instrumento um alcance de três oitavas.
O Setar, alaúde de quatro cordas. Duas das cordas são feitas de aço, duas são de latão, e estão afinadas em Dó, Dó semi-sustenido, Sol, e Dó semi-sustenido, respectivamente. Por norma, o Setar tem 85 cm de comprimento, 20 cm de largura, e tem uma cabaça de 15 cm de profundidade, e é inteiramente feito de madeira. (Ao contrário do Tar que tem uma membrana esticada sobre o corpo.) Também, ao contrário do Tar, o músico arranha as cordas com a unha do dedo indicador, em vez de usar uma palheta.
O Tar é o instrumento de corda arranhada mais utilizado hoje em dia no Irão. Trata-se de um alaúde com seis cordas, cinco de aço e uma de latão. Apresenta um pescoço comprido e uma caixa de som de barriga dupla, sobre a qual é esticada uma fina membrana de pele de ovelha. As afinações das cordas são alteradas de acordo com o dastgah que está a ser tocado, e os vinte e seis trastes são móveis. Finalmente, as cordas são tocadas com uma palheta ou plectrum.
O Tombak ou Dombak, o principal instrumento de percussão da música clássica persa. Trata-se de um tambor de uma cabeça cujo barril é elaborado de uma única peça de madeira, e com a boca inferior aberta. Através da parte superior do casco, de maior dimensão em forma de cálice, é esticada uma membrana de pele de carneiro que é colada. Assim, o instrumento não pode ser afinado; o intérprete prepara-o para uma peça, aquecendo a membrana sobre um aquecedor.
O Sorna e Dohol: Sorna (ou corneta persa) é um instrumento antigo que é tocado num âmbito geográfico extenso cobrindo a Turquia, o Curdistão, a Índia, o Baluquistão e Khorasan, com sons e tons diversos. Desde que o Sorna tem sido tocado como um instrumento de ritual, os tons são na sua maioria acompanhados por danças e rotinas rituais. Este instrumento é habitualmente acompanhado por um outro instrumento chamado Dohol (tambor de caixa fechada). Em conjunto, costumam ser tocados em cerimónias e festivais.
- Música folclórica de Khorasan
A música tradicional Iraniana sexprime a riqueza da cultura e civilização Iranianas e é testemunho da presença de diferentes tradições e estilos de vida de várias grupos étnicos do Irão. Tendo em conta a diversidade geográfica e as condições climáticas, os povos iranianos desfrutam de diversas características culturais e artísticas que influenciaram profundamente a variedade de instrumentos musicais e os trajes utilizados pelas diversas comunidades. A região de Torbate Jam, localizada 170 quilómetros a leste de Mashhad, a capital do Khorasan Razavi, devido à sua localização estratégica na antiga Rota da Seda e dos centros culturais do Grande Khorasan, é de maior importância. Devido à diligência e prudência dos seus líders, a região sofreu menos com as sucessivas guerras e adversidades ao longo da sua história. Tal tem contribuído para a preservação de muitas das suas tradições e culturas. Tanto que, atualmente, pode-se afirmar de forma inequívoca que as raízes da música original de Khorasan e Dari Farsi do Irão podem ser reportadas a esta região. O Dotar do antigo Khorasan foi melhor preservado no Torbate Jam do que em qualquer outro lugar e tem uma capacidade superior e mais complexa de lidar e tocar diferentes modos melódicos chamados moghams. A música de Torbate Jam é uma das raras músicas iranianas que é executada em dois Radif melódicos e musicais – o repertório tradicional da música clássica Iraniana – com dois reportórios de dotar e sorna. Um grande número de maghams e canções antigas foram mantidos vivos por artistas iranianos que preservaram esta forma de arte, e são hoje capazes de executar algumas formas destes maghams.
- Teatro no iraniano
As primeiras representações registadas de figuras dançantes no Irão foram referenciadas em sítios pré-históricos como Tepe Sialk e Tepe Mûsîân. A mais antiga iniciação teatral iraniana e os fenómenos de representação podem ser traçados nos antigos teatros cerimoniais épicos, tais como Sug-e Siāvush (Luto de Siāvash), bem como danças e narrações teatrais de contos mitológicos iranianos relatados por Heródoto e Xenofonte. Os géneros teatrais tradicionais iranianos incluem Baqqāl-bāzi (A Mercearia, uma forma de comédia pastelão), Ruhowzi (ou Taxt-howzi, comédia apresentada em cima de uma fonte de pátio coberta de tábuas), Siāh-bāzi (na qual o comediante central aparece em negro), Sāye-bāzi (teatro de sombras), Kheyme-šab-bāzi (teatro de marionetas), e Arusak-bāzi (teatro de fantoches), e Ta’zie (peças teatrais de tragédia religiosa). Antes da Revolução de 1979, o palco nacional iraniano tinha-se tornado um famoso palco de actuação para artistas e troupes internacionais conhecidos, com o Salão Roudaki de Teerão, que foi construído para ser o teatro nacional de ópera e ballet. Inaugurado a 26 de Outubro de 1967, o salão alberga a Orquestra Sinfónica de Teerão, a Orquestra da Ópera de Teerão e a Companhia Nacional de Bailado Iraniana, tendo sido oficialmente redesignado Salão Vahdat após a Revolução. Rostam e Sohrab, de Loris Tjeknavorian, baseado na tragédia de Rostam e Sohrab do poema épico de Ferdowsi Shahnameh: Livro dos Reis, é um exemplo de ópera com libreto Persa. Tjeknavorian, um célebre compositor e maestro Iraniano e Arménio, levou 25 anos a compor a obra, e foi finalmente representada pela primeira vez no Salão Roudaki de Teerão, com Darya Dadvar a desempenhar o papel de Tahmina.
- Danças rituais de Khorasan
Os jogos rituais e as danças locais e folclóricas são símbolos históricos sociais e culturais, e estilos de vida e trabalho do povo Iraniano que remetem para a história de cada etnia. Os jogos rituais e as danças folclóricas locais, na verdade, são a projeção do misticismo e do Sufismo hibridados com a cultura islâmica (dança Sama). Estes movimentos podem ser líricos, épicos, místicos e outros que têm raízes na história. As danças são executadas ao som de sorna e dohol com movimentos figurativos e formas significativas que contam histórias de tradições sagradas dos tempos antigos. Os trajes usados para estas danças consistem em roupas brancas soltas – um turbante branco chamado Chel te lize –longteh, mandil, selleh, kolah ghors; peytavah, charogh e um colete de cor escura de forma a fazer contraste.
As danças realizadas por mulheres, com ligeiras diferenças nas formas e ritmos, são executadas juntamente com os homens. Algumas danças de Torbat executadas são hatan, choob bazi, apar, peltan, hanayi e se chekka. Estes jogos ganham um significado mais profundo quando se considera os trajes locais variados em preto e branco como um símbolo para o confronto entre a escuridão e a luz, o mal e o bem. Ao visitar o Irão nos anos 1970 e depois de assistir pela primeira vez a danças em Torbat-e Jam, o professor e diretor de teatro e cinema britânico Peter Brook afirmou: “Oh meu Deus, encontrei aqui a origem da charada e da pantomima”.
- Naqqali (recitação dramática)
Arte registada pela UNESCO como uma herança cultural intangível dos iranianos, não se sabe claramente quando exatamente esta arte surgiu. No entanto, alguns autores referiram-na em alguns livros de história. Alguns sugerem que o Naqqali floresceu com a chegada dos arianos ao planalto iraniano, se bem que também se acredite que ela terá sido criada após a chegada do Islão. As velhas histórias são as de Mitra, Anahita e Siavash, indicando a idade desta.
Enquanto ramo das artes performativas e da narração de histórias, o Naqqali ou recitação do Shahnameh sempre foi uma tradição comum e favorita entre os iranianos. Shahnameh é o livro de poemas épicos mais longo do mundo criado por um único poeta, Ferdowsi, famoso poeta iraniano dos séculos X e XI que preservou a língua e identidade persa através deste livro.
O Naqqali é executado por uma pessoa. O objetivo é transferir sabedoria e experiência das gerações anteriores para a atual. Esta arte popular em tais círculos é uma experiência especial de uma herança cultural intangível herdada pelos iranianos. É uma atração turística que ainda não foi explorada.
- Cinema iraniano
Uma taça de terracota do terceiro milénio a.C. descoberta na Shahr-e Sūkhté (Cidade Queimada), um assentamento urbano da Idade do Bronze no sudeste do Irão, retrata o que poderá ser o exemplo de animação mais antigo do mundo. O artefacto, associado ao Jiroft, ostenta cinco imagens sequenciais representando uma cabra selvagem a saltar para comer as folhas de uma árvore. Os mais antigos exemplos iranianos de representações visuais atestados, contudo, remontam aos baixos-relevos de Persépolis, o centro ritual do Império Aqueménida. Os números em Persépolis continuam vinculados pelas regras gramaticais e sintaxe da linguagem visual. As artes visuais iranianas atingiram o seu auge na era Sassânida, tendo-se encontrado várias obras deste período que articulam movimentos e acções de uma forma altamente sofisticada. É mesmo possível ver um progenitor do grande plano cinematográfico filmado numa destas obras de arte, que mostra uma abundância de javalis a fugir do terreno de caça. No início do século XX, com apenas cinco anos de existência, a indústria cinematográfica chegou ao Irão. O primeiro cineasta Iraniano provavelmente foi Mirza Ebrahim (Akkas Bashi), o fotógrafo da corte de Mozaffar-ol Din Shah da dinastia Qajar. Mirza Ebrahim obteve uma máquina fotográfica e filmou a visita do governante Qajar à Europa. Mais tarde, em 1904, Mirza Ebrahim (Sahhaf Bashi), um homem de negócios, abriu a primeira sala de cinema pública em Teerão. Depois dele, vários outros nomes como Ardeshir Khan e Ali Vakili tentaram estabelecer novas salas de cinema em Teerão. No início da década de 1930, havia cerca de 15 salas de cinema em Teerão e 11 em outras províncias. A primeira longa-metragem Iraniana, Abi-o-Rabi (Abi e Rabi), foi uma comédia pastelão do cinema mudo dirigida por Ovanes Ohanian, em 1930. O primeiro filme sonoro, Dokhtar-e Lor (Menina Lor), foi produzido por Ardeshir Irani e Abd-ol-Hosein Sepanta, em 1932.
A indústria de animação do Irão surgiu nos anos 50, e foi seguida pela criação do influente Instituto para o Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens Adultos, em Janeiro de 1965. A década de 1960 foi uma década marcante para o cinema Iraniano, com 25 filmes comerciais produzidos anualmente, em média, ao longo do início dos anos 60, aumentando para 65 no final da década. A maior parte da produção centrou-se no melodrama e nos thrillers. Com a exibição dos filmes Qeysar (César) e Gaav (A Vaca), realizados por Masoud Kimiai e Dariush Mehrjui respectivamente em 1969, seguiram-se em breve filmes alternativos para estabelecer o seu estatuto na indústria cinematográfica e Bahram Beyzai’s Ragbār (Aguaceiro) e Nasser Taghvai’s Ārāmesh dar Hozoor-e Diagrān (Tranquilidade na Presença dos Outros).
As tentativas de organizar um festival de cinema, a começar em 1954, no âmbito do Festival Golrizan, resultaram no Festival de Sepas em 1969. Os esforços resultaram também na criação do Festival Internacional de Cinema de Teerão, em 1973. Após a Revolução de 1979, e após a Revolução Cultural, surgiu uma nova era no cinema Iraniano, começando com Zendeh bad! (Viva!) de Khosrow Sinai e seguido por muitos outros realizadores, como Abbas Kiarostami e Ja’far Panahi. Kiarostami, um aclamado realizador Iraniano, colocou o Irão firmemente no mapa do cinema mundial quando, em 1997, venceu a Palma de Ouro com o T’am-e Gilas (O Sabor da Cereja) em 1997.
A presença contínua de filmes Iranianos em prestigiados festivais internacionais, tais como o Festival de Cinema de Cannes, o Festival de Veneza e o Festival Internacional de Cinema de Berlim, atraiu a atenção mundial para as obras-primas Iranianas. Em 2006, seis filmes iranianos, de seis estilos diferentes, representaram o cinema Iraniano no Festival Internacional de Cinema de Berlim. Os críticos consideraram este um evento notável na história do cinema Iraniano. Asghar Farhadi, um realizador Iraniano conceituado, recebeu um Prémio Globo de Ouro e dois Oscares, representando o Irão para Melhor Filme em Língua Estrangeira em 2012 e 2017. Em 2012, foi nomeado como uma das 100 Pessoas Mais Influentes do Mundo pela revista Norte-Americana Time.
O cinema do Irão ou cinema Persa refere-se ao cinema e às indústrias cinematográficas no Irão que produzem anualmente uma variedade de filmes comerciais. Os filmes de arte Iranianos ganharam fama internacional e desfrutam agora de um seguimento a nível mundial. Juntamente com a China, o Irão tem sido elogiado como um dos melhores exportadores de cinema nos anos 90. Alguns críticos classificam o Irão como o cinema nacional mais importante do mundo a nível artístico, com um significado que convida à comparação com o neorrealismo Italiano e movimentos similares das últimas décadas. Uma série de festivais internacionais de cinema tem honrado o cinema Iraniano nos últimos vinte anos. O cineasta austríaco de renome mundial Michael Haneke e o cineasta alemão Werner Herzog, elogiaram o cinema Iraniano como um dos cinemas artísticos mais relevantes do mundo.
- Festival de Cinema Fajr
O Festival Internacional de Cinema Fajr (Persa: جشنواره بین المللی فیلم فجر), ou Festival de Cinema Fajr (Persa: جشنواره فیلم فجر), é o maior festival de cinema do Irão. Realiza-se anualmente em Teerão desde 1982 em Fevereiro e Abril. Trata-se de um evento que celebra o intercâmbio cultural, exibe realizações criativas de cineastas altamente aclamados e prestando homenagem a filmes locais e internacionais de qualidade. O festival é supervisionado pelo Ministério da Cultura e Orientação Islâmica. Realiza-se no aniversário da Revolução Islâmica de 1979. Desde a sua criação, o Festival Internacional de Cinema da Fajr tem desempenhado um papel vital no desenvolvimento do cinema iraniano. Todos os anos, realizadores veteranos e novos cineastas aproveitam a ocasião para apresentar suas obras no festival. Em 2011, noventa longas-metragens foram apresentadas para a 29ª edição do festival.
Ao longo dos anos, o Festival de Cinema Fajr teve a participação de numerosas figuras do cinema, algumas das quais trabalharam de perto com o festival como membros do júri, incluindo nomes como Volker Schlondorff, Krzysztof Zanussi, Robert Chartoff, Semih Kaplanoglu, Bruce Beresford, Percy Adlon, Paul Cox, Shyam Benegal, Bela Tarr, Jan Troell, Helma Sanders-Brahms, Elia Suleiman, Agnieszka Holland, Andrey Zvyagintsev, Rustam Ibragimbekov, apenas para citar alguns entre outras figuras influentes.
Do mesmo modo, alguns dos filmes mais inesquecíveis e inovadores, realizados por grandes cineastas no auge de sua carreira, que foram homenageados e premiados em diferentes secções do festival incluem, Maborosi no Hikari (A Luz da Ilusão, 1995) de Hirokazu Kore-eda, La Promesse (A Promessa, 1996) dos irmãos Luc Dardenne e Jean-Pierre Dardenne, Mayıs Sıkıntısı (Nuvens de Maio, 1999) de Nuri Bulge Ceylan, 23 (23, 1998) de Hans-Christian Schmid, Ressources Humaines (Recursos Humanos, 1999) de Laurent Cantet, Napola – Elite für den Führer (Napola – Antes Da Queda, 2004) de Dennis Gansel, Vozvrashcheniye (O Regresso, 2003) de Andrey Zvyagintsev, Das Leben der Anderen (As Vidas dos Outros, 2006) de Florian Henckel Von Donnersmarck, entre outros.
Durante diferentes edições de Fajr, foram prestados tributos a brilhantes cineastas como Costa-Gavras, Francesco Rosi, Theo Angelopoulos, Mario Monicellli, Moustapha Akkad ou Darius Khondji, tendo estes participado no festival e lhes ter sido atribuídos Prémios Carreira.
O festival tem sido promovido, quer ao nível nacional, quer internacional, através da televisão, rádio e webinars, tendo oradores convidados de diferentes países como os Estados Unidos, do Reino Unido e da Alemanha.
As organizações e canais de comunicação multimédia que contribuíram para o evento incluem a Farabi Cinema Foundation, Iran Film Foundation, PressTV, HispanTV e o canal de cinema multilingue iraniano iFilm.
Em 2015, o festival foi dividido em dois blocos: um festival nacional realizado em Fevereiro, servindo como base para estreia de filmes nacionais mais importantes, e um festival internacional que ocorre em Abril.
Ao longo dos anos, o Festival teve a participação de numerosas figuras do cinema, algumas das quais trabalharam de perto com o festival como membros do júri. Estas incluem: Volker Schlondorff, Krzysztof Zanussi, Robert Chartoff, Semih Kaplanoglu, Bruce Beresford, Percy Adlon, Paul Cox, Shyam Benegal, Bela Tarr, Jan Troell, Helma Sanders-Brahms, Elia Suleiman, Agnieszka Holland, Andrey Zvyagintsev, Rustam Ibragimbekov e Costa-Gavras.